} Crítica Retrô: Brilhando em frente e por trás das câmeras

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Thursday, August 11, 2011

Brilhando em frente e por trás das câmeras

Gosto de pessoas polivalentes. Que se desdobram. Multitarefa. São muitos os termos, recentes ou já empoierados pelo uso, que podem descrever algumas das grandes personalidades do cinema; personalidades que não se contentaram em causar sensação apenas à frente das câmeras, mas também demonstraram garra e talento para a direção e a criação de roteiros – e muito mais o que a imaginação deixava.

George Méliès:  Não é de se espantar que no começo do cinema um homem desempenhasse tantas funções. Sem divisão de tarefas, Méliès conseguiu dirigir mais de 600 filmes, atuar, escrever, produzir, editar, fazer efeitos especiais e até mesmo compor música e ser maquiador. Prestidigitador antes de tudo isso, ele foi responsável por “Viagem à Lua / Voyage dans la Lune” (1902), em que também atua como o professor que idealiza a aventura.

Erich Von Stroheim: O astro austríaco fez muito em terras americanas. Ainda no cinema mudo, foi ator, diretor, roteirista, produtor, editor e até figurinista. Entre seus sucessos estão “Esposas Ingênuas / Foolish Wives” (1922), “Ouro e Maldição / Greed” (1924) e “aquele papel do mordomo” em “Crepúsculo dos Deuses / Sunset Boulevard” (1951).  

Charles Chaplin: Hoje Chaplin é sucesso garantido e talento indiscutível. Mas para chegar a esse patamar ele teve de suar a camisa. Diferente de seu mais famoso personagem, ele não foi nada vagabundo e deu duro como roteirista, ator, diretor e compositor. Mesmo sem saber teoria musical, acabou compondo uma das mais belas melodias do século, “Smile”, presente em “Tempos Modernos / Modern Times” (1936). Nada mal para o pobre menino inglês que passou a infância em orfanatos.

Buster Keaton: A expressão em seu rosto era imutável, mas Buster vivia mudando de função. Ele escreveu, produziu, dirigiu e protagonizou várias comédias memoráveis dos anos 1920. Entre elas podemos destacar “Sherlock Jr.” (1924), “Sete Oportunidades / Seven Chances” (1925) e “A General / The General” (1926). Ajudou a criar situações cômicas também em “Uma Noite na Ópera / A Night at the Opera” (1935) e “A Bela Ditadora / Take me out to the Ballgame” (1949).  “Buster” é uma gíria para valente na língua inglesa. Keaton provou que podia ser também polivalente.

Laurence Olivier : O ator shakesperiano por excelência também se aventurou como diretor e produtor. Ganhou o Oscar como Melhor Ator e também Melhor Diretor por “Hamlet” (1948). Outros de seus sucessos incluem “Henrique V / Henry V” (1944), “O Príncipe Encantado / The Prince and the Showgirl” (1953) e várias peças de teatro. Além de fazer isso tudo, foi casado com Vivien Leigh, uma das poucas coisas em que não atingiu sucesso absoluto.

Orson Welles:  Em seu primeiro filme, Welles foi indicado ao Oscar de Melhor Ator, Diretor e Roteiro. Levou o último. Mas seu trabalho não parou por aí. Ele também foi responsável pela iluminação de “Cidadão Kane / Citizen Kane” (1941) e assinou outras grandes obras como “O Estranho / The Stranger” (1946), “A Dama de Xangai / The Lady from Shangai” (1947) e “A Marca da Maldade / Touch of Evil” (1958). Foi também narrador, figurinista, editor (não em todos os filmes, infelizmente), produtor e, mesmo obeso com o passer dos anos, soube usar bem seu sobrepeso para construir personagens interessantíssimos. 

Vittorio de Sica: Ele inaugurou o neorrealismo italiano com “Ladrões de Bicicleta / Ladri di Biciclette” (1948), filme que escreveu e dirigiu. E ele não parou (ou não começou) por aí. De Sica foi também produtor e ator, começando adolescente no cinema mudo. Em “Começou em Nápoles / It started in Naples” (1960), ele rouba a cena de um nédio Clark Gable.

François Truffaut: O pai da Nouvelle Vague foi ator, roteirista, produtor e diretor, mas começou como crítico na famosa revista Cahiers du Cinéma. Sua meta era dirigir 30 filmes e depois se aposentar para escrever livros. Não deu tempo: dirigiu apenas 25, entre eles as obras-primas “Os Incompreendidos / Les quatre cents coups” (1959), “Jules e Jim / Jules et Jim” (1961) e “A Noite Americana / La Nuit Américaine” (1973) e atuou em “Contatos Imediatos do Terceiro Grau / Close Encounters of the Third Kind” (1977).

Ida Lupino: A representante dos dois cromossomos X nessa lista é mais conhecida como atriz, mas também foi produtora, roteirista e diretora. Dirigiu e estrelou o filme “O Bígamo / The Bigamist” (1953) e esteve no comando de episódios de célebres séries de TV, como “A Feiticeira”, “Alfred Hitchcock Apresenta”, “Além da Imaginação”, “A Ilha dos Birutas” e “Dr. Kildare”.

Woody Allen: Woody escreveu e dirigiu comédias que inevitavelmente são consideradas novos clássicos. Além disso, o protagonista normalmente é seu alter ego. Em alguns casos, ele mesmo se encarrega de dar vida a esse outro eu cinematográfico. Suas mais famosas produções são “Noivo Neurótico, Noiva Nervosa / Annie Hall” (1977), “Manhattan” (1979), “Hannah e suas Irmãs / Hannah and her Sisters” (1986) e “Vicky Cristina Barcelona” (2005).


Clint Eastwood: Este homem durão é um bem sucedido ator, diretor, produtor e, vejam só, compositor. O ganhador de quatro Oscars pôs suas mãozinhas em sucessos como “Três Homens em Conflito / Il buono, il brutto, il cattivo” (1966), “Josey Wales, o fora da lei / Josey Wales, the outlaw” (1976), “Os Imperdoáveis / The Unforgiven” (1992) e “Menina de Ouro / Million Dollar Baby” (2004). E, para aumentar minha admiração por ele, seu ator favorito é o mesmo que o meu: James Cagney.

Warren Beatty: Além de irmão da Shirley MacLaine e intérprete de Clyde em “Bonnie & Clyde, uma rajada de balas” (1967), Warren aventura-se como produtor, diretor, roteirista e andou até escrevendo músicas. Ele mostrou sua versatilidade em filmes como “Shampoo” (1975), “O Céu pode Esperar / Heaven can Wait” (1978) e “Segredos do Coração /Love Affair” (1994).

Menção honrosa para Alfred Hitchcock, que dirigiu, produziu, escreveu muitos clássicos e, mesmo não sendo ator, rouba a atenção do público com suas aparições como extra.

Menção mais do que honrosa para Lillian Gish, que, do que eu tenho notícia, foi a primeira mulher a dirigir e escrever um filme, “Remodeling her Husband” (1920), estrelando sua irmã Dorothy Gish. Isso é que é garra e pioneirismo.

8 comments:

ANTONIO NAHUD said...

Também acho bacana, Lê, quem dirige e atua (ou vice-versa).
Ótimo post!

O Falcão Maltês

Rubi said...

Tenho muita admiração por todos que citou, mas George Méliès é um ídolo; e Viagem à Lua é um clássico!

Phoenix said...

Olá Lê.
Obrigado e parabéns também pelo seu excelente Blog!
Estou te adicionando nas nossas Recomendações!

;-)

linezinha said...

excelente post Lê! a Ida Lupino considerada a pioneira feminina na direção hoje é injustamente esquecida e eu não sabia da Lilian Gish.

Unknown said...

Adorei o post, Lê. Quando li sobre Eastwood, vi que vc citou Josey Wales, um filme que passou recentemente no TCM e que eu simplesmente amei: grande, grande western. Talvez um dos melhores de todos os tempos. Lillian Gish é uma mulher a qual admiro muito. Faltou lembrar de Mary Pickford, também pioneira, que fundou a United Artists junto com Chaplin e e Fairbanks. Mulheres maravilhosas, essas são as verdadeiras ladies do cinema, na minha opinião: quanta garra, como vc mesma descreveu. A visão que elas tiveram na ápoca, muito à frente do tempo em que viviam foi coisa de gênio.
Um abraço
Dani

Anonymous said...

Não há como deixar de admirar o talento desses bensucedidos multitarefeiros. A versatilidade de Chaplin em várias funções, em particular, me espanta sempre.

Cine Mosaico said...

Gostei do post. Vou procurar as produções que ainda não conheço.

CONDE said...

Gostei deste post. Informações preciosas, texto agradável.

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